CPA intensifica ações por integridade da informação e justiça socioambiental no primeiro trimestre de 2025
Atividades no Amazonas, Minas Gerais e em âmbito nacional consolidam atuação do Centro Popular de Comunicação e Audiovisual na defesa do direito à informação e da preservação dos territórios
O primeiro trimestre de 2025 foi marcado por importantes ações do Centro Popular de Comunicação e Audiovisual (CPA), em articulação com organizações parceiras e lideranças comunitárias, fortalecendo o debate sobre conectividade sustentável, justiça socioambiental e soberania digital nos territórios.
Após um período de descanso e planejamento em janeiro, o CPA deu início às atividades do ano participando da primeira edição do seminário “Internet & Meio Ambiente”, realizado nos dias 24 e 25 de fevereiro, em formato híbrido. Promovido pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), em correalização com o CPA, a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Bemol, o evento reuniu cerca de 500 participantes. Em pauta, os desafios da inclusão digital na Amazônia e os impactos da infraestrutura digital sobre o meio ambiente, com ênfase na defesa da soberania digital dos povos da floresta. A iniciativa também antecipou discussões fundamentais que devem ganhar centralidade na COP30, que ocorrerá em Belém, no próximo ano.
Também em fevereiro, O CPA foi convidado a integrar o processo de revisão do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH 2), reconhecido como um dos principais marcos das políticas públicas na área. Representado por sua coordenadora, Jéssica Botelho, o CPA participa do Grupo de Trabalho sobre Educação, Mídia e Cidadania Digital, contribuindo com sua experiência na promoção da comunicação popular, da justiça socioambiental e do direito à informação.
Metodologia própria em ação
Em março, o CPA levou a campo sua metodologia “A solução vem do território”, desta vez em Belo Horizonte (MG), a convite da Escola de Governança da Internet no Brasil (EGI), em parceria com o Instituto de Referência em Internet e Sociedade (IRIS-BH). A formação reuniu lideranças comunitárias para discutir os processos de apropriação tecnológica no Brasil e o papel das comunidades na produção e no uso crítico da tecnologia. Durante a atividade, o CPA conduziu uma oficina sobre integridade da informação, com enfoque nos desertos de notícias e nas estruturas que silenciam ou distorcem narrativas locais. A abordagem utilizada foi prática e participativa, centrada na escuta ativa e na produção coletiva de diagnósticos e soluções ancoradas nos territórios.
Ainda em março, o CPA participou do Summit da Integridade da Informação Climática, promovido pelas organizações FALA, Climate Action Against Disinformation (CAAD) e Conscious Advertising Network (CAN). No painel “Ameaças à Integridade da Informação às Vésperas da COP30”, especialistas e ativistas discutiram os desafios estruturais no enfrentamento à desinformação ambiental e política, sobretudo no contexto amazônico. A presença do CPA no evento reforçou a importância de iniciativas enraizadas nos contextos locais e regionais para a construção de um ecossistema informacional mais justo e plural. O evento foi transmitido ao vivo e está disponível no YouTube.
Cinema, território e memória amazônica
Em março, o CPA também marcou presença no campo cultural. O professor e pesquisador Allan Gomes, coordenador do CPA, participou do projeto Fenômenos dos Cinemas de Manaus, promovido pelo Cineset. Em sua fala, abordou a influência da indústria cinematográfica norte-americana nas salas brasileiras e os simbolismos por trás da estreia do clássico “E o Vento Levou” em Manaus. A atividade integra a agenda do CPA na disputa simbólica e na valorização da memória audiovisual amazônica.
Outro avanço importante foi a consolidação do Laboratório de Memória Audiovisual do Amazonas, projeto idealizado pelo CPA que se dedicou à digitalização e catalogação do acervo do Coletivo Difusão, grupo com 15 anos de atuação em mobilização cultural em Manaus. A iniciativa visa à preservação e valorização da produção audiovisual local, ampliando o acesso à história e às narrativas periféricas.
O que vem por aí
Para os próximos meses, o CPA se prepara para expandir a metodologia “A Solução que Vem do Território” para Santarém (PA), em parceria com a eco-mídia, com foco nas tensões entre garimpeiros e defensores ambientais, e também para o Espírito Santo, por meio do projeto Conexões Costeiras Sudeste. A ação tem como objetivo conectar comunidades costeiras, pesquisadores e sociedade civil em torno de soluções locais frente aos impactos da mineração, do agronegócio e da poluição marinha.
O CPA segue apoiando o projeto “Promovendo o acesso à informação, o exercício de direitos, o combate à desinformação e a defesa da democracia” no estado do Amazonas, desenvolvido pela UNESCO em parceria com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom-PR). A iniciativa prevê a elaboração de um Manual de Boas Práticas em Comunicação Popular e Periférica e um Guia de Sustentabilidade do Jornalismo Periférico, reafirmando a comunicação como ferramenta essencial de transformação social. Ainda no primeiro semestre, o projeto deverá realizar oficinas com comunicadores e jornalistas locais.
CPA em edição histórica no FIB
Vem aí mais uma edição do Fórum da Internet no Brasil, que este ano celebra seus 15 anos em Salvador (BA), com participação confirmada do CPA. Estaremos presentes em debates sobre a regulação dos serviços de streaming e seus impactos no audiovisual e na arquitetura da Internet, além de discutir a opacidade ambiental e os impactos ecológicos do desenvolvimento da inteligência artificial.